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Incorp’Oração

Ana Lakshmi

É uma aparição ritual de abundância, saudação às matas e às águas, fetichizada
com adornos-feitiço confeccionados em plasticrochê de sacolas, remixados com pet, isopor e papel, para proteger aquelu que incorpOra. É banquete de criatividade. Re-Humanização do corpo trans. Estratégia de sobrevivência na cidade. Apropriação do plástico para a plástica. Aterramento do protagonismo.
Reconstrução da consciência de abundância para relembrar que também somos
natureza.

Ribanceira que sobe
Correnteza que ginga
Ginga e faz gingar
Trocando com o olhar
Os saberes que já estão dentro
Sentindo o aqui e agora
Criando a cada momento
Entrelaçando cada caminho
Com respeito e com carinho
À cada fluxo que corre e deságua
Acolhido como num ninho
Tão único como um búzio no mar
Marinho
Espiralar nossos futuros
Início meio e início
Esculpindo com o corpo
Se apropriar da nossa história
Sonhando nosso território
Fabular uma nova memória
Recriando as narrativas
Como plantadas pelos nossos ancestrais
as árvores nativas
Enraizadas nesse chão
Resistindo ao assoreamento
Que afeta nossa segurança à cada tormento
Mas com fé no feitiço artístico
Serpenteando a essência da vida
Transfabulamos nosso protagonismo
Seremos sempre criança sabida
Brincando de tecer portais
Lembranças de que tudo é sagrado
Escolhendo gargalhar depois de cair
Transformando em riso o que pode nos dividir
Pra não aliviar pros que querem nos dominar
Pra não calar pros que querem nos restringir.
Trocar no NOSSO mercado de criadores
Inusitados e novos sabores
O doce do acolhimento
O amargo da raiva
O azedo do silenciamento
E o salgado do suor
Depois da ginga do calor
que aquece o sangue
Na Ka’poera da mata

Experimentar novas trocas
Desenvolver novos encontros
Escreviver novas encruzas.
Pra nos proteger daquilo que nos mate
E à cada um que escambo aqui
Só posso dizer que sou muito grate.

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